António Gedeão -
Poemas
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"Sou feliz por ter nascido no tempo dos homens-rãs que descem ao mar perdido na doçura das manhãs. Mergulham, imponderáveis, por entre as águas tranquilas, enquanto singram, em filas, peixinhos de cores amáveis. Vão e vêm, serpenteiam, em compassos de ballet. Seus lentos gestos penteiam madeixas que ninguém vê. Com barbatanas calçadas e pulmões a tiracolo, roçam-se os homens no solo sob um céu de águas paradas.
Sob o luminoso feixe correm de um lado para outro, montam no lombo de um peixe como no dorso de um potro.
Onde as sereias de espuma? Tritões escorrendo babugem? E os monstros cor de ferrugem rolando trovões na bruma?
Eu sou o homem. O Homem. Desço ao mar e subo ao céu. Não há temores que me domem É tudo meu, tudo meu."
António Gedeão, in Teatro do Mundo
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